domingo, 19 de abril de 2009

De volta para o Paraíso Imperfeito

-Voltei! Essa foi a primeira palavra que falei ao pisar em terras que ficam do outro lado da cidade. O engraçado é o elo que tenho com aquele lugar, mesmo ficando meses sem

aparecer, sei que um dia vou voltar. E foi o que aconteceu, pois lá estava eu, em terras de Milton Nascimento e Tom Jobim.

Decerto nada mudou muito, a região continua sendo quase que totalmente dominada por idosos, o verde das árvores que possuem a missão embelezar o ambiente continua cinza, o shopping continua sendo a casa de jovens de classe média e a Rua das Flores continua com um aroma que lugar nenhum possui. Mesmo assim, nada me instiga tanto como aquelas ruas com cara de zona sul, nem os arcos da Lapa, nem o Museu Paulista que fica na Terra da garoa.

Como sempre, fui acolhido por amigos que possuem tudo para serem meros superficialistas, felizmente, não é todo mundo que tapa os olhos para não ver a realidade das coisas. Revi e conheci melhor pessoas que conhecia apenas superficialmente, adolescentes que ao longo da vida se adequaram ao meio em que vivem, que se preocupam com boletins escolares, provas de filosofia, amizades e inimizades ou até mesmo familiares com problemas de saúde.

Ao entardecer, deparei-me com um lindo pôr-do-sol, mesmo sendo visto através dos vidros do castelo do consumo. E ao anoitecer, quando as estrelas tomavam conta do céu azul marinho, o relógio do celular avisou-me que era hora de partir. Dos amigos me despedi, e olhei em volta, para mais uma vez apreciar o local que certamente sentirei saudade. E parti, para a minha morada, deixando para trás um passado que guardou-se em mim e um presente que pede para ter um futuro.

Espero que uma das pessoas que comigo lá estava tenha percebido que a felicidade está onde estamos e que meros atos de simpatia podem mudar todo o ambiente. Não é preciso dinheiro, nem sucos de clorofila, só o que é preciso é um simples sorriso, posto que o sorriso e altamente contagioso tanto para aqueles que estão apenas passeando, como para os que passam o dia ouvindo pedidos e dando trocos. Podemos ser felizes se assim quisermos, basta querer e acreditar que realmente podemos ser.