domingo, 23 de novembro de 2008

Óculos Escuros

Eu tenho óculos escuros mágicos. Os ganhei numa terça feira à noite do meu pai, enquanto conversava no “Messenger” com alguns amigos. Para falar a verdade, nunca gostei de óculos, mas sempre achei belas as pessoas que os usam na praia.

E agora estou com um, quando os coloco, sinto-me livre, pois olho para o céu sem receio de que os raios solares possam machucar os meus olhos. Enquanto caminho pela rua, olho bem no fundo dos olhos das pessoas, talvez procurando a alma por dentro do corpo sofrido, ou apenas uma historia de vida, e por serem óculos escuros, elas não percebem que como um detetive atrás de evidências, meus olhos as perseguem observando os mínimos detalhes, mas se percebessem, certamente seria eu mal encarado e hostilizado por olhares cansados e irritados da vida urbana.

Sinto o poder em minhas mãos. E a máscara escura que esconde apenas os meus olhos faz com que eu veja o mundo não como o nosso mundo cotidiano, mas como uma caixa de novidades, onde tudo me impressiona. Mesmo vendo tudo de uma forma mais escura, consigo enxergar as cores das pequenas coisas que passavam despercebidas no dia-a-dia. As frases escritas no muro, casas antigas, as rugas no rosto da senhora e o vendedor de balas que diariamente alterna-se em diversos ônibus para poder comprar o pão de cada dia. Tudo tem um passado, um motivo, um porquê, uma história, e isso torna-se belo quando olhado com outros olhos.

Às vezes paro para pensar e percebo que na verdade os óculos não são mágicos, são óculos normais, vendidos em qualquer loja, qualquer camelô. Porém quando percebo que uns simples óculos escuros me inspiram para escrever um texto, apenas sorrio, mudo de idéia e digo: Sim, eu tenho óculos escuros mágicos.

Felipe C. Andrade

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